Ó meretriz, que já fui seu servo. Repousou-me em teus braços, recusou minhas lamurias, fez sumir tristeza. Tornou-me escravo de seu efémero carinho, uma paixão de minuto. Com tuas estórias fez a minha parecer conto de ninar.
Agora sinto ser refém de sua compania. Saiu a sua procura no cair da noite, passo as madrugadas em claro a procurar em outras a afinidade que outrora se fez em seu colo.
Amores vadios já são obra da casualidade, não são mais que desencontros, desaventuras.
Partires sem se despedir, deixas a vagar em tua busca através dos becos e portas entre abertas onde as fracas luzes só fazem refletir tua imagem como espelhos e tornam a me enganar, e sem deixar a busca dos sentimentos teus não findar.
Ó! rameira que fez feliz uma noite qualquer, diferente das outras conseguiste espantar o desalento que sempre torna ao raiar dos dias, sem que na madrugada lúgubre tenha passado junto a ti.
Essa eterna busca sem fim! Deverá fenecer longe de ti e de outras, ó meretriz.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Homem se contenta com tão pouco.. hahahahahaha
que lindo....
o poeta da boemia, da vida ingrata.
Cada dia gosto mais dos teus versos...eles são verdades de quem bem viveu, de quem não esqueceu.
Um Ogro cheio de conteudo !
beijocas
"Quando deram as sete na catedral, havia uma estrela solitária e límpida no céu cor-de-rosas, um barco lançou um adeus desconsolado, e senti na garganta o nó górdio de todos os amores que puderam ter sido e que não foram. Não aguentei mais. Peguei o telefone e disquei os quatro números muito devagar para não errar, e no terceiro toque reconheci a voz. Muito bem, mulher, perdoe minha malcriação desta manhã. Ela, tranquila: Não se preocupe, estava esperando seu telefonema. Adverti: Quero que a menina me espere como Deus a botou no mundo e sem vernizes na cara."
Memória de minhas putas tristes
Gabriel Garcí Márquez
Lembrou-me este livro! =)
Marina
Postar um comentário